O ambiente sócio-econômico

Ocupação da área:

O levantamento histórico do município teve como base consultas ao periódico Jornal “Voz da Serra”, boletim informativo do Ipiranga Clube de Chã Preta, com sede na vila de Chã Preta, distrito de Viçosa. Seu primeiro exemplar é de 16 de julho de 1953. Seus fundadores, Florêncio Teixeira e Pedro Teixeira, professores e intelectuais da região, que se dedicaram às pesquisas sobre as origens do município. Além da contribuição do agrônomo e radialista José de Arimateia, também pesquisador dos fatos históricos.


Origem do Nome:

Há duas teorias sobre o nome do município:

a) Existia na propriedade da família Canuto uma faixa de terras com coloração escura, bem preta, que influenciou no nome da propriedade, denominada Chã Preta.

b) É o fato tradicional originado pelo motivo das queimadas que anualmente se faziam nestas terras doadas por D. Terezinha Brandão, desde o tempo de seu pai Raimundo da Silva. Os trabalhadores, moradores e viajantes da região e de outros locais observavam, com grande destaque, devido à elevação deste local, a chapada ou chã bem preta.
No entanto, há outra corrente de opinião que não descarta esta origem nominal tão lógica e nítida, mas apenas acrescentando outra história. Dizem que moravam perto da chã duas famílias de pessoas de pele escura, isto muito antes da povoação, e os viajantes que percorriam o velho caminho Viçosa - Chã Preta - Correntes, gostavam de parar nesta região e para a identificar diziam que eram as terras onde residiam os negros, perto de uma chã e, para encurtar: "naquela chã dos negros ou naquela chão dos pretos e depois Chã Preta". Acreditamos que estes negros sejam descendentes diretos ou até mesmo os próprios escravos fugitivos ou libertos do tempo do Quilombo dos Palmares.
O pesquisador Pedro Teixeira reforça em matéria publicada no “voz da Serra” nº 29 de 1991 que a cidade Chã Preta não começou no mesmo local onde se encontra atualmente. “Rezam as crônicas que havia na colina do Bom Conselho uma aldeia de negros pertencentes ao Quilombo dos Palmares”.


Primeiras casas:

Foi o agricultor Belarmino Ferreira da Silva, Velho Belo, quem primeiro edificou casas no povoado nascente de Chã Preta.
A primeira casa por ele construída foi a atual casa de Firmino Teixeira de Vasconcelos Neto e Ana Célia de Vasconcelos e as demais foram onde localizou-se o armazém de Firmino Neto e a atual casa do comerciante e agricultor Manoel Caetano Ferreira.
O Velho Belo residiu em sua primeira casa, vendendo-a depois a Pedro Torquato Brandão e as outras a Francisco Eduardo de Godoy, isto pelos anos de 1908 a 1910. Depois ele construiu uma outra casa onde fixou moradia e que deixou para as filhas Olívia e Josefa Belarmino da Silva - As Belas.
Belarmino da Silva foi o verdadeiro engenheiro urbano pioneiro do novo povoado, edificando várias outras casas e as vendendo.
Vindo de Buíque (PE), em 1906, o Velho Belo morou antes na fazenda Raposa onde casou-se em segundas núpcias com Belarmina Maria da Conceição, nascendo além das filhas já citadas, uma outra, Viturina da Silva.
Outro pioneiro foi o Sr. Pedro Torquato Brandão, ao comprar a casa do velho Belo, instalou a primeira loja de molhados e mais tarde de molhados e padaria (segunda do povoado).
Foi Pedro Torquato o primeiro negociante de molhados em Chã Preta. Era ele, filho do colonizador Francisco Torquato Brandão que veio a estas terras em 1890.
Pedro Torquato era casado com Maria das Neves Brandão, irmã de D. Terezinha, e grande benfeitora de Chã Preta.
Foi esse pioneiro habitante um esteio seguro da criação do povoado e morava no engenho de seus pais.
Francisco Eduardo de Godoi instalou nas casas compradas uma loja de tecidos que mais tarde passou para seu genro José Teodoro de Lima - Zezinho - casado com sua filha Julita de Godoi. Essa loja foi uma das mais bem equipadas da região, vendendo de tudo.
Chico Eduardo veio de Brejão (PE) e foi figura importante no começo do povoamento.
O Sr. Manoel Curiel foi outro que instalou-se nas terras da cidade, construiu uma casa, instalando nessa a primeira padaria do povoado, vendendo-a anos depois a Antonio Cabral. Atualmente onde se localizava essa padaria ergue-se o patrimônio pertencente ao comerciante Holophenes Fernandes Lima.
Hermenegildo Brandão - velho Melo Brandão - ergue também uma casa, onde hoje reside a Sra. Creuza Albuquerque Lima, viúva do tabelião Tilgathpilnezer Fernandes Lima.
Em 1910, o capitão Canuto de Souza, instalou uma casa de tecidos, permanecendo, no entanto, em sua fazenda Chã Preta. A loja situava-se onde hoje localiza-se a Casa Celestino, de Maria Tributino dos Santos, viúva do comerciante e agricultor Manoel Celestino dos Santos.
Muitas outras casas foram sendo edificadas e habitadas por pessoas das redondezas do povoado, como moradores, rendeiros e até fazendeiros que construíram casas para passar os dias de feira bem acomodados e também guarda de mantimentos e produtos. Os demais habitantes vinham de diversos pontos do Brasil, notadamente do sertão de Pernambuco.
Um outro destaque foi uma faixa de terra deixada como herança pelo Sr. Romualdo Brandão de Albuquerque à sua filha Tereza de Jesus Brandão (D. Terezinha). Essa terra foi doada a Nossa Senhora da Conceição. Daí então, aglomeraram-se moradores, formando-se um povoado.




Colonização:


A região onde se situa Chã Preta era desabitada e coberta de espessa mata. Uma estrada tortuosa, que ora margeava o rio Paraíba seguindo bem de perto das suas barrancas, ora se distanciava, internando-se pelo coração da floresta, dirigia-se para o sertão (alagoano e pernambucano).
Os primeiros habitantes, remonta dos tempos da pré-descoberta do Brasil, quando chegaram os CAAMBEMBES - sub-tribo dos Caetés - nesta região, oriundos do litoral e da foz do rio São Francisco onde viviam antes de serem expulsos pelos Tupys e Tabajaras, por serem os Caetés um povo alienígena e que viviam em contínuas lutas com os vizinhos (Tupys e Tabajaras).
A palavra Caambembe significa: CAA - mato; MENBY - flauta, gaita ou buzina, dando "mato de gaitas". Eles eram amigos da música.
Após o assassinato do primeiro bispo do Brasil, em 1556, houve uma perseguição ostensiva do governo aos Caetés, assassínios do bispo, que foram esmagados, escapando poucos. Estes poucos fugitivos debandaram para o sertão onde viveram miseravelmente e, anos depois, alguns de seus descendentes voltaram às matas e montes de onde foram massacrados.
No entanto, a região do município não ficou desabitada já que vários índios de outras raças, negros e brancos que ajudaram o governo nesta perseguição aos Caetés fixaram residência aqui.
Mais tarde apareceriam, também, os negros que formaram o Quilombo dos Palmares (século XVII) tendo núcleos quilombolas em pontos viçosenses como: Sabalangá, Mata Escura, Chã dos Cacos, Bananal, Osenga, Serra do Bananal, Floresta, Serra do Cavaleiro, Mata Limpa, Caçamba, etc.
Foram os índios, brancos e escravos acima citados que introduziram a primitiva exploração agrícola e pecuária nesta região.
A partir da fundação de Viçosa por parte do agricultor Manoel Francisco, em 1790, muitos outros agricultores e aventureiros, brasileiros e portugueses, juntaram-se aos primitivos, incrementando ainda mais a nossa colonização que só a partir da época dos velhos Engenhos - um dos fatores principais da fixação do homem nesta terra - fundados pelos fidalgos portugueses.
O primeiro engenho fundado nessa área foi o Bananal, erguido pela família Carneiro da Cunha em 1836 e que por último pertenceu ao Cel. Quitiliano Victal dos Santos e sua esposa Isidória Maria dos Santos um dos troncos da família Teixeira de Vasconcelos e Vasconcelos Santos de Chã Preta.
Depois apareceram os engenhos: Boa Sorte, em 1840, pertencente ao português José Martins Ferreira, casado com a cabocla luso-indígena Maria Barbosa da Silva Ferreira, filha do também português Raimundo José da Silva e da índia Maria Jesus da Silva; Barro Branco, de Pedro José da Cruz Brandão, em 1846; e, o Jacu, de Affonso Albuquerque Mello que, anos depois, funda o Bom-Sossego, tão ligado à história champretense.
Iniciava-se assim o desenvolvimento econômico, político, cultural e populacional da área já ocorrendo alguns núcleos de adensamento populacional, entre os quais destacava-se o de Viçosa, que, em 13-10-1831, passou à categoria de vila dependente de Atalaia; e, em 16-05-1892, era emancipada politicamente.
As terras chã pretenses, encontravam-se povoadas - uma fazenda aqui, outra lá adiante - e nossos colonizadores edificavam engenhos e formavam fazendas agropecuárias, ao tempo em que, para tais atos, faziam desaparecer a mata espessa para dar lugar ao canavial e ao capim.
Dentre vários engenhos que surgiram na região, destaque para o Engenho Bom Jesus, 1846, de João Tenório, que é considerado o primeiro engenho de Chã Preta. Seguido pelos Engenhos Bonito, são Sebastião, Caçambinha, Flor do Caçamba, Caçamba, Erva de Rato, Jundiá, Boa Esperança, Recanto (mais tarde Usina Recanto), Belo Cruzeiro ou Três Paus, Novo Perluche, Paraibinha, Cana Brava, Riacho Seco, Floresta, Engenho Monte Verde, São Pedro, Bom Sucesso e Engenho Chã Preta.
Engenhos, sítios e fazendas marcaram os principais momentos de colonização da região.

Povoado:

O povoado Tobias (Bom Sossego) foi o primeiro e principal núcleo urbano das atuais terras do município de Chã-Preta. O Tobias era um engenho fundado por Afonso de Albuquerque Melo em 1856 e possuía uma igreja onde ao seu redor erguiam-se casas. Existia ainda uma feira dominical e um rico acervo folclórico, se destacando o reisado do Tobias. Com o passar dos tempos, a divisão de terras o Tobias fica totalmente vazio e é tomado por cana e capim.
Nesses tempos, em torno das terras do Sr.Manoel Romualdo José da Silva, também construiu uma igrejinha na sede do seu engenho, colocando sob o patrocínio de Nossa Senhora da Conceição. Nessa havia novenas, terços e outros atos de fé do povo da redondeza, que elegeram Nossa Senhora da Conceição como a padroeira do povoado. Dona Terezinha de Jesus Brandão, herdeira de uma determinada faixa de terras, doa seu patrimônio a Nossa Senhora da Conceição. Com a doação outros moradores surgem, a feira do Tobias é transferida para esse povoado. Pouco depois D. Terezinha edifica uma nova e ampla igreja em suas terras. O lugar já chamado de Chã Preta tornava-se, assim, o novo povoado. A luta agora era elevar o povoado de Chã Preta à categoria de Vila. Com a feira regular, vários engenhos e fazendas, muitas outras casas foram edificadas e habitadas por pessoas da região, das redondezas do povoado, como moradores, rendeiros e até fazendeiros que construíam casas para passar o dia de feira bem acomodado e também guardar mantimentos e produtos. Muitas pessoas vinham comercializar em Chã Preta, principalmente do sertão pernambucano. A feira foi decisiva para que a vila se desenvolvesse.

Vila:
Por Decreto Estadual de Lei nº 2.435 de 30 de novembro de 1938, o poder executivo de Alagoas dava a Chã-Preta o título de Vila ou Distrito de Viçosa. (Diário Oficial de 04/12/1938). Para tal conquista muitos filhos da terra e amigos contribuíram, os trabalhadores rurais, intelectuais, comerciantes, e os líderes da região, entre os quais destacam-se: Major Firmino, Dr. Chico Teixeira, Cel. José Teixeira, Izidro Teixeira, Cosme Canuto, Narciso e Izidro Vasconcelos, Cupertino Tenório, Brandão Vilela.

Emancipação política


No dia 03 de fevereiro de 1962, era aprovada a Lei Estadual nº 2.432 na Assembléia Estadual e sancionada pelo então governador Luiz Cavalcante de Souza em 15 de fevereiro de 1962, (em anexo) ocorrendo à instalação oficial do novo município no dia 11 de março de 1962, que figura como data da sua Emancipação política.
O primeiro prefeito nomeado foi o Sr. Benedito Soares de Vasconcelos, que governou o município de 11 de março à 28 de dezembro de 1962. No dia 28 de dezembro de 1962 toma posse o primeiro prefeito eleito, Cosme Canuto de Souza – administrando a cidade até 31/01/1969, quando se elege através do voto popular o Sr. Benedito Soares de Vasconcelos. Daí em diante a população escolhe:
• Firmino Teixeira de Vasconcelos;
• Audálio de Vasconcelos Holanda;
• José Klinger Soares Teixeira;
• Benedito Soares de Vasconcelos
• José Klinger Soares Teixeira;
• Paulo Duarte;
• Audálio de Vasconcelos Holanda.
• Rita Tenório